A construção de edifícios da segunda metade do século XIX é já pensada não apenas ao nível da “rua” em que se insere mas de todo o quarteirão, e monofuncional (isto é, separa-se definitivamente o local de trabalho do local de habitação). Essas duas características são pilares evolutivos fundamentais, uma vez que, se por um lado se vê uma uniformidade na construção das habitações, por outro lado procuram-se soluções inovadoras que distingam claramente o nível social de cada dono - daí a diversidade de revestimentos de fachadas, motivos decorativos nos gradeamentos, desenho de cantarias e… de clarabóias! Existem outras hipóteses não exclusivas sobre a diversidade das clarabóias, para lá do desejo de distinção da classe burguesa. A clarabóia era um desafio arquitectónico imenso, e o foco prolongado na construção funcional deste objecto poderia causar, por consequência, o aumento do sentido estético no mesmo. E podemos especular se a isso não se juntaria, também, o brio dos artesãos envolvidos, e da sua eventual vontade de deixar uma marca própria, distinta, nas clarabóias que pelas suas mãos passavam. São várias e construídas, talvez, pelo desejo de distinção da classe burguesa, o foco estético como consequência do desafio arquitectónico e o brio profissional dos artesãos.