Palacete inserido no contexto da chamada "Casa de Brasileiro", de planta ligeiramente rectangular, integrando um torreão no ângulo da fachada principal, à semelhança do que acontece com a Casa de Manuel Rodrigues Alves. Apresenta três e quatro pisos, com águas furtadas e coberturas bastante inclinadas do tipo chalet. Acesso principal ao nível do segundo piso por portal precedido por escadaria que comunica com varanda que percorre toda a fachada. Decoração exterior com influência neoclássica, nomeadamente nos frontões e balaustradas, mas com dominância da arquitectura do princípio do séc. 20, com vãos emoldurados apenas superiormente, frisos misturados com azulejos, cachorrada no remate e vãos de diferentes modinaturas. Interior organizado em torno da escadaria central, comum aos dois pisos intermédios, iluminada por clarabóia, e para a qual abrem vãos fortemente decorados. Piso térreo com lojas e cozinha, segundo piso com vestíbulo de recepção, salões e sala de jantar, terceiro piso com quartos, águas-furtadas com quartos de criados e arrumos. Possui escadas de serviço. Tectos de estuque com decoração neoclássica, por vezes pintado, paredes pintadas e revestidas a papel, lambris e portas de madeira com acabamento de escaiola e pintadas, pavimentos de madeira com padrões claro e escuro e em ladrilho cerâmico. Existem dois tipos de lambris de madeira revivalistas, um com arcaria em ferradura neoárabe e outro com arcaria quebrada neogótica. Planta ligeiramente rectangular, com corpos levemente destacados no ângulo NO., correspondendo a um torreão, no ângulo SO., correspondendo a um corpo simétrico do torreão, e a S., no centro da fachada posterior. Volumes escalonados de dominante vertical, com coberturas diferenciadas em três águas, com clarabóia integrada ao centro e em coruchéu no torreão e no ângulo SE., coroado no primeiro por cata-vento e no segundo por varandim em ferro. Possui várias chaminés viradas à fachada lateral E. e posterior, e várias águas furtadas, viradas a todas as fachadas, com janelas em arco pleno, com destacamento no fecho. Fachadas de três registos, à excepção do torreão, com quatro, rebocadas e pintadas a rosa com largos frisos de cantaria, a separarem os registos, com embasamento ornamental em granito, de aparelho rústico, no qual se rasgam os vãos do primeiro registo. Todas as janelas possuem inferiormente par de painéis de azulejos com florão policromo a castanho e amarelo. Remates em cornija suportada por cachorrada e encimada por platibanda, interrompida lateral e posteriormente pelas trapeiras. Fachada principal com dois panos diferenciados, correspondendo o pano direito ao torreão. Primeiro registo com galeria em arco abatido, semi-enterrada, formando varanda no segundo registo, protegida por balaustrada, com acesso por escadaria de lanço semicircular, com guarda em balaustrada, no lado esquerdo, e sobre o plinto de arranque candeeiro de ferro. Pano esquerdo, possuindo no segundo registo, portal de verga recta, alinhado com a escadaria, rematado por frontão curvo, de volutas, interrompido por concha. É enquadrado por friso vertical com azulejos formando padrão fitomórfico, policromo a castanho e amarelo. A ladear o portal, pela esquerda, bow-window em granito, pontuada por azulejos nos cunhais, idênticos ao padrão dos do portal, rasgada por janelas em arco abatido, duas de peito frontalmente e uma de sacada lateralmente. No extremo do pano, frisos de granito formando riscas, que se prolongam em parte para a fachada lateral e cujo motivo se repete no pano do torreão. Terceiro registo com janela de peito, de verga recta, a encimar o portal, e par de janelas de sacada, em arco pleno, cuja sacada é suportada pela bow-window. A sacada apresenta guarda em balaustrada. O par de janelas é enquadrado por pilastras e coroado, já na platibanda de remate por frontão curvo, de volutas, interrompido por motivo fitomórfico com concha. Pano do torreão, com par de janelas, em cada um dos registos, de verga recta, à excepção das do último, em arco pleno. Estas são enquadradas superiormente por espaldar em empena, assente em modilhões. Fachada lateral O., com pano do torreão rasgado por janela em cada um dos registos, em verga recta, à excepção do último em arco pleno, rematada por espaldar em empena. Restantes panos com vãos de verga recta no primeiro e terceiro registos e no segundo em arco abatido. Os dos dois últimos registos emoldurados superiormente. Fachada lateral oposta idêntica. Fachada posterior com varanda a percorrer o segundo registo, com acesso nos extremos por escadarias de lanços curvos, com guardas de ferro. A varanda é suportada nos extremos por pilares de granito e ao centro por colunelo de ferro. Ao nível deste registo abrem-se portas envidraçadas, em arco abatido, emolduradas superiormente. Terceiro registo com janelas de peito. No pano central, já na platibanda de remate, eleva-se frontão curvo de volutas interrompido pela trapeira. No INTERIOR, o primeiro piso térreo alberga dez dependências e um corredor de distribuição, que arranca das escadas de serviço, a E., no sentido S./ N., e inflecte para O.. Na ala S., sob a sala de jantar, situava-se a cozinha. No piso superior a porta principal dá acesso a vestíbulo de recepção, situado no segundo piso, que abre para um salão de cada um dos lados, ocupando toda a ala N. e, através de arcaria plena, serliana, com acanto no fecho, acede-se à escadaria central em torno da qual se organiza a casa neste piso e no superior. Em torno da escadaria desenvolve-se corredor que distribui para áreas e escadas de serviço a E., e para salas a O.. A sala de jantar ocupa o centro da ala S., dispondo de três portas para o exterior e duas para as dependências contíguas. Este piso ostenta pavimentos e lambris em madeira, em padrões claro e escuro, e portadas também em madeira, com tratamento de escaiola. Os tectos são em estuque ornamentado com motivos vegetalistas, florais, e, na sala, integrando putti. Em algumas dependências o lambril enquadra um fogão de sala. A escadaria, em madeira, de dois lanços opostos, apresenta balaustrada decorada. No terceiro piso, abrem para a escadaria central onze portas ornamentadas, com decoração integrando frontão curvo interrompido, e criando um imponente espaço cénico. As paredes ostentam lambril em gesso, pintado a bege, com arcaria que se prolonga dando origem às ombreiras dos vãos e aos frontões, e pintura a rosa no restante pé direito. O tecto e a clarabóia, que seria ornada também a estuque, encontram-se destruídos. Na ala N. rasgam-se três portas dando acesso a duas salas, sendo que o vão central, o único em arco pleno, abre para o salão servido pela sacada que encima a bow-window. A E. e O. abrem-se duas portas em cada um dos lados, correspondendo, a E., a sanitários dotados de pavimento em ladrilho cerâmico policromo. Das quatro portas que se abrem a S., as duas centrais são ornamentais, com vidros nas folhas, abrindo sobre a balaustrada, e as extremas dão acesso aos espaços de intimidade, três quartos na ala S., o principal e central no corpo saliente desta fachada. A O. situa-se sala de banho e a E. as escadas de serviço. Os lambris e portadas, neste piso, receberam pintura a bege, os pavimentos são em madeira e os tectos em estuque ornado com motivos vegetalistas e florais. O sótão organiza-se em torno de três corredores, um na ala S. e dois nas alas E. e O., albergando quartos e espaços de arrumação *1, sanitários a E., e, no ângulo NO., no torreão, sala amplamente iluminada que dá acesso a uma sala menor, no coruchéu, também iluminada por quatro janelas. Séc. 20, início - construção do palacete, a mando de João Alves de Freitas, filho de Victorino António de Freitas e Rosa Maria de Freitas, de Vale do Bouro, em Celorico de Basto, casado com Maria Beatriz Faria Azevedo; João Alves de Freitas foi emigrante no Brasil fez fortuna em Manaus e no Pará; 1912 - conclusão da construção do palacete; 1917, 8 Outubro - João Alves de Freitas suicida-se no interior da Amazónia, devido a falência inesperada; o palacete é vendido a Miguel Gonçalves da Cunha, sócio gerente da Fábrica do Bugio; posteriormente o palacete é novamente vendido pelos descendentes, instalando-se no edifício o Grémio da Lavoura 1991, anterior a - a casa é adquirida pela Cooperativa dos Agricultores de Fafe; 1994 - proposto como Imóvel de Interesse Local pelo PDM de Fafe, DR 224/94, 1ª Série B, de 27 de Setembro; 2003 - a casa é adquirido pela Caixa de Crédito Agrícola; 2007 - a Câmara Municipal de Fafe adquire o imóvel por 575 000 Euros. Estrutura de alvenaria, embasamento, frisos, molduras dos vãos, cornijas de remate, platibanda, frontões, em granito; portas, janelas, escadaria interior e pavimentos, em madeira; tectos em estuque trabalhado e pintado; pavimentos em ladrilho; cozinhas e casas de banho com azulejos industriais; portão, gradeamento exterior, guardas da varanda da fachada posterior, em ferro forjado; cobertura em material sintético.