domingo, 5 de janeiro de 2020

Ponte Luiz I



A utilização do ferro fundido, a partir do último quartel do século XVIII, e do aço laminado que, em 1870, veio substituir o do ferro laminado (para além do próprio betão armado, já em período finissecular), possibilitou a edificação de um vasto conjunto de pontes absolutamente essencial à expansão das linhas de caminho de ferro em plena Era Industrial, além de permitir uma maior criatividade aos seus projetistas, graças às características dos novos materiais utilizados, ultrapassando muitas das dificuldades impostas pela própria geografia do terreno. E apesar de ter sido a Inglaterra a presenciar as primeiras experiências neste domínio da engenharia, foi a ponte concebida por Gustave Eiffel (1832-1923) para Bordéus, em 1860, conhecida por La Passerelle, que acabou por servir de modelo a todas quantas foram doravante erguidas. Um pouco à semelhança do que sucedeu noutros recantos europeus, a construção de pontes em Portugal acompanhou o próprio processo de abertura de novas estradas, no âmbito da política Fontista de meados de oitocentos, período geralmente conhecido por Regeneração. E foi neste ambiente, que a primeira ponte metálica lançada em território nacional teve lugar na cidade do Porto, sobre o rio Douro, a conhecida "Ponte Pênsil", certamente graças à grande atividade comercial que caracterizava a urbe e à considerável comunidade de origem britânica que aí residia desde há longa data. É neste contexto que, depois de a Ponte D. Maria, projetada por Gustave Eiffel, ter sido construída entre 1876 e 1877, para dar continuidade à linha férrea do Norte, a “Ponte de D. Luís I” foi apresentada a concurso em 1880, a fim de substituir a antiga “Ponte Pênsil” (aberta ao trânsito em 1843), ela própria uma substituição da “Ponte das Barcas” (inaugurada em 1806), a localizar sobre o rio Douro, entre o morro granítico onde se ergue a “Sé Catedral” portuense e a encosta fronteira da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia. O verdadeiro nome desta (Luís I) e não, como popularmente é chamada, D. Luís I. Uma questão sentimental das gentes do Porto parece estar na origem do nome por que vulgarmente é conhecida. Reza a lenda que porque o rei D. Luís I não esteve na inauguração, a população decidiu retirar o “Dom”. As inscrições nas placas sobre as entradas do tabuleiro inferior confirmam.