A inversão económica causada pelo surto de covid-19 traz-nos más lembranças, nomeadamente a crise financeira global de 2008 e 2009 - a grande recessão económica.
A pandemia, que tem provocado milhares de mortes em todos os continentes, praticamente paralisou a economia mundial, com milhões de pessoas em estado de quarentena e cadeias de transmissão globais. Um caos instalado, por causa dos estragos causados com grande extremidade, pelo vírus oriundo da China - a fábrica do mundo. Muitas pessoas comparam, já, a crise atual à recessão de 2008 e 2009, mas a maior parte dos analistas não aceita que o quadro seja tão desolador, defendendo que a economia global irá ser recuperada rapidamente na segunda metade de 2020, contando, para isso, que até lá o surto tenha sido dissipado.
Da última grande recessão, recordando, o mercado de imóveis foi inflacionado pelos empréstimos baratos oferecidos pelos bancos a futuros proprietários privados, provocando o epicentro da crise de 2008 e 2009. O rebentamento da bolha imobiliária em muitos países fez estremecer os grandes bancos globais que não dispunham de capital suficiente para resistir. Entre outros fatores, as instituições bancárias pagaram o preço de uma grande quantidade de hipotecas que foram armazenadas, a maioria com derivações complexas e opacas, com a finalidade de maximizar os seus lucros. Desta vez os bancos estão numa posição muito melhor, fruto de uma intensiva regulamentação, mas ainda assim, os bancos estão sob pressão, sobretudo os europeus, que têm vindo a lutar para aumentar os seus lucros em situações de juros ultrabaixos e vão preparando novos cortes de juros e calotes de empréstimos.
Alguns especialistas têm igualmente alertado contra um putativo incumprimento da dívida soberana de Itália, que está em estado de emergência para conter a propagação do coronavírus. Segundo a Bloomberg, os bancos europeus detêm mais de 446 biliões € de débitos italianos públicos e privados.
A falência dos serviços financeiros da Lehman Brothers em 2008 provocou um doloroso colapso económico global, que já não se via desde os tempos do crash de Wall Street em 1929. A grave e continua recessão reduziu o crescimento mundial 1,8% em 2009, em contraste com a expansão de 4,3% em 2007. Milhões de trabalhos se perderam, restringindo o consumo global e a julgar pelas estimativas americanas, a atual crise poderá custar à economia global até 1,8 triliões € em 2020, não se prevendo que vá provocar ao mundo uma nova depressão económica. Veremos e que assim seja - do mal o menos! Vamos todos ficar bem!