O primeiro período de utilização do betão armado em Portugal estende-se por cerca de 30 anos, desde o início dos anos ’90 do século XIX. Várias referências definem este prazo de tempo: 1892 (abril), que coincide com a concessão da primeira patente Cottancin em Portugal através da pessoa de José Martins; 1894 (setembro), quando se regista a primeira patente Hennebique em Portugal, na pessoa de Jacques Monet; 1897, que vê a construção da Fábrica de Moagem de Caramujo, primeiro edifício do país construído inteiramente em betão armado; 1925, ano do início das obras do Cinema Capitólio, primeira manifestação portuguesa da arquitetura moderna; 1927, data da construção de um armazém de três andares em Sta. Apolónia, projetado pelo arquiteto João Jorge Coutinho e feito inteiramente de estrutura de betão armado, com uma área de mil metros quadrados, onze metros de altura e um terraço no telhado. Também temos de reconhecer que a história da implementação do betão armado em Portugal está fortemente ligada ao início da produção de Portland no país; produção alcançada inicialmente pela indústria de cimento localizada em Alhandra, propriedade de António Teófilo de Araújo Rato, que, desde 1894, tinha começado a fabricar o material após a apresentação da sua patente para “[...] o fabrico de cimento artificial Portland por via húmida ou seca [...]”. Naquele tempo, as condições sociais e económicas do País eram ideais para o desenvolvimento destas inovações tecnológicas. Além disso, para Teófilo António Rato, a produção nacional deste sector era necessária para o desenvolvimento global do país, porque permitia também reduzir a importação de Portland de países estrangeiros, como França, Alemanha, Inglaterra, favorecendo, portanto, a economia do país. A difusão do betão armado em Portugal está, então, ligada ao crescimento industrial que o país estava a viver na viragem do século e à recuperação e desenvolvimento urbanos que advinham deste crescimento.
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